Oficina de Comunicação e Expressão: dezembro 2008

A oficina acontece como atividade extra - classe, no horário inverso, duas vezes por semana, proporcionando aos educandos um atendimento escolar integral. A escola garante o almoço.

Neste momento, após identificarmos alguns obstáculos no processo de ensino - aprendizagem, queremos atender a demanda na área de alfabetização nas terceiras séries do ensino fundamental.

A organização de projeto intenciona proporcionar aos nossos educandos mais um espaço pedagógico de interação social, que intitulamos “Oficina de Comunicação e Expressão”, servindo de apoio pedagógico na consolidação do processo de aprendizagem dos envolvidos, sedimentando os avanços em seus conhecimentos e capacidades, concretizando um alfabetizar letrando.
O trabalho partirá da análise do aluno concreto, dos seus saberes e daquilo que desejam saber.

Buscaremos valer a modalidade do aluno: valorizando-o enquanto presença viva e enriquecedora da língua e, ao mesmo tempo, instrumentalizando-o para garantir-lhe o poder de expressar-se através da norma, sempre que a situação assim o exigir.

Objetivo geral da Oficina de Comunicação e Expressão:

Consolidação do processo alfabetizar letrando: Que a criança descubra que a linguagem é uma construção social; a escrita é um sistema de signos que não tem significado em si. Os signos representam outra realidade, isto é, o que se escreve, tem uma função instrumental, funcionando como suporte para a memória e a transmissão de idéias e conceitos.

Objetivos específicos:
*Proporcionar a compreensão e valorização da cultura escrita;
*Apropriação do sistema de escrita;
*Estimular a escrita e a oralidade;
*Estimular o gosto pela leitura;
*Estimular a arte;
*Proporcionar o acesso e a exploração dos aplicativos informatizados na sala informatizada;
*Fortalecer o vínculo com a biblioteca;
*Fortalecer vínculo de grupo.

Capacidades a serem desenvolvidas:
*Compreensão e valorização da cultura escrita;
*Apropriação do sistema de escrita;
*Leitura;
*Produção de textos;
*Desenvolvimento da oralidade;

Horários das oficinas-
Matutino: quartas e sextas- feiras das 7:45h as 11:45h.
Vespertino:quartas e sextas-feiras das 13:00h as 17:00h.

Em regra geral cada oficina ocontece com três partes:
1- Atividades de acolhimento, auto-estima e reconhecimento grupal;
2- Atividades de desenvolvimento pedagógico (textual); e
3- Atividades de avaliação e replanejamento.

Para assegurar a parceria com os pais na educação de nossas crianças buscaremos nos encontrar mensalmente.

Responsáveis pelo projeto:
Equipe pedagógica:
Alexsandra Turnes Clasen
Altair Alves Lúcio Felipe
Amélia de Souza Martins
Maria Alice Correa Bernavides
Professora Oficineira - Silvana Valéria Nazário
Diretor: Aquiles Carlos Mendes Pereira

"Uma Dedicatória aos Educandos"

PEQUENAS MARAVILHAS

Se era uma vez
Castelos de papel
Gnomos e cristais
Motivos de canções
Desserto são pequenas maravilhas

Duendes brincalhões
E desanoiteceu
Na saga dos anões
Na luz de cada olhar
Na trilha das formigas
Nas estrelas
Em cada olhar
Quem descobrir tamanha grandeza
Verá a tribo dançar ao rito da chuva
Será a festa da terra
A nova semente
As folhas pelo chão
O branco algodão
As lágrimas de amor
As pérolas marfim
Os frutos da suprema natureza
O raio multicor
Um feixe de luar
Lembranças e quintais
E tudo que sonhar
Aviva o país das maravilhas

E amanheceu
Cigarras e flores
Contos de fadas
Não há um bem maior
Que a pequena criança

(Flávio Venturini)

O PRIMEIRO ENCONTRO COM OS PAIS

Objetivos:
*Apresentar a proposta da Oficina de Comunicação e Expressão;
*Conhecer o grupo integrante da oficina,
*Construir–se como grupo, como parceiros.

Convidamos o grupo a fazer um círculo. Sabemos que esta forma de acomodação é milenar. Foi a primeira dança humana. Encontramos vestígios de pegadas em círculo no período paleolítico. O movimento era simples e uniforme. Possivelmente usado como expressão religiosa, como suplica para uma boa caçada.
O círculo, a roda perpetuou-se na humanidade e modificou-se pelo tempo e espaço. Era usada pelos primitivos, pelos indígenas e agora pelos civilizados. Tem como princípio básico “o coletivo, a reunião”. Neste sentido lembramos que também somos um grupo, porque temos um objetivo em comum: A EDUCAÇÃO DE NOSSAS CRIANÇAS, cada um fazendo sua parte nesse trabalho.
No círculo, cada qual falou seu nome dizendo sua situação nesta tarefa: se é educador, se é pai, se é mãe...
Após, fechamos os olhos e ouvimos uma cantiga e aos poucos movimentamos o círculo pensando em uma palavra que expressasse ao outro o nosso desejo para com a atividade educativa junto às crianças. Aos poucos, dançando na roda, abrimos os olhos e, olhamos bem dentro dos olhos dos companheiros, falamos com o olhar nosso desejo: a palavra pensada -tudo de maneira carinhosa. Depois sentamos no chão e registramos as palavras em fichas.

Depois o grupo recebeu fichas com as palavras: EDUCAÇÃO - ESCOLA - FAMÍLIA - PAIS - EDUCADORES - CRIANÇAS escritas através de criptograma, com objetivo de demonstrar a eles que não é fácil aprender a ler e a escrever quando não se sabe as combinações (as regras) estabelecidas – que a escrita foi uma produção feita ao longo do tempo, que nem sempre foi assim e que está em constante movimento. Para apropriação desta forma de comunicação é preciso entendê-la e percebê-la como necessidade em sua vida: sua importância e utilidade.

Em seguida cada um recebeu uma folha para desenhar sua obra de arte: aquele desenho que cada um sabe que faz muito bem (necessário assinar a obra antes). Depois de um determinado tempo o desenho passou para outro parceiro, passando por todos. Assim todos contribuíram com a obra do artista. No final a obra voltou para o artista primeiro que comentou sobre o resultado do trabalho.
Esta atividade teve como objetivo demonstrar que nosso trabalho coletivo de educar se dá desta forma: com a participação de todos - cada qual dando sua parcela na educação de nossas crianças - cada um em sua especificidade dando o que tem de melhor.

PESQUISA DE CAMPO NA ESCOLA SOBRE O BOI DE MAMÃO-

No dia o3/09/08 nós, membros da Oficina de Comunicação e Expressão-manhã entrevistamos Thiago Henrique de Oliveira, professor de História de nossa escola. Nosso objetivo com este trabalho é aprofundar nosso conhecimento sobre o folguedo do BOI-DE-MAMÃO.
Professor Thiago tem 25 anos, nasceu em Curitiba e atualmente mora no Rio Tavares, Florianópolis.
Ele nos conta que em sua região de origem o Boi de Mamão não é uma manifestação muito popular. Lá prevaleceram outras tradições, em especial a polonesa. Entretanto teve contato com este folguedo ainda pequeno em eventos culturais e adulto quando viajou para o norte e nordeste brasileiro. Nesta ultima ocasião pode observar as diferenças e semelhanças entre os folguedos do boi: bumba meu boi, boi de pano entre outros. Em certas regiões os personagens mudam um pouco, assim como a história contada. Em algumas o boi morre e ressuscita pois era um animal de estrema importância no uso dos engenhos de farinha e açúcar. Em outras o boi não ressuscita, o gado era utilizado economicamente para o corte de carne. Então nada mais natural que virasse charque. Foram aglutinados ao folguedo personagens indígenas, da mitologia chinesa e do imaginário popular, dando a cada folguedo uma característica particularmente regional. E temos outros casos como o urubu, o urso que eram representações dos não queridos na comunidade. As figuras mais tradicionais são o boi, o dono do boi, o urubu, o cavalo, a Maricota, o anão, o curandeiro. Os principais são o boi, o do boi e o urubu que não deixa o boi parado.
Segundo ele o Boi de mamão é uma tradição luso-brasileira, isto é, Ibérica e aqui foi se transformando conforme cada região.
Explica ainda que o boi fazia parte do projeto de colonização das Américas. A coroa portuguesa e espanhola trazia seu pessoal, escravos africanos, plantas e o gado e aqui os deixava. O boi era solto nesta terra desconhecida e misteriosa. Se o boi sobrevivesse aos desafios, limpava o terreno e afastava animais. Algum tempo depois os colonizadores haviam se multiplicado e formado uma comunidade. Isto significava que era possível a continuação da colonização.
O nome deste folguedo surgiu porque para fazer a cabeça do boi foi usado um mamão verde e se passou a chamar BOI-DE-MAMÃO.
O professor terminou a entrevista dizendo achar de grande importância à manutenção deste folguedo porque através se sua manutenção resgatasse e legitimasse o projeto de colonização português e espanhol: O quanto e como deu certo.

Entrevistador: Edésio Dair Vieira Junior
Entrevistado: Thiago Henrique de oliveira
Organizadora: Silvana V. Nazário

PESQUISA DE CAMPO NA ESCOLA SOBRE O BOI DE MAMÃO-

No dia 20/08/08 nós, membros da Oficina de Comunicação e Expressão_manhã entrevistamos Elisa Vieira, aluna de nossa escola. Nosso objetivo com este trabalho é aprofundar nosso conhecimento sobre o folguedo do BOI-DE-MAMÃO.
Elisa Vieira tem 13 anos, está na sétima série do ensino Fundamental. Mora na Armação do Pântano do Sul e conhece o Boi-de-Mamão desde os sete anos de idade. Assistia apresentações deste folguedo no centrinho da Armação, em frente à igreja. Elisa faz parte do grupo do Boi-de-Mamão da escola há três anos. Ela é a benzedeira.
Ela nos conta que o grupo do Boi se apresenta em lugares abertos. Geralmente em festas religiosas, em eventos culturais e em campanhas de vacinação. Apresentam-se em todas as comunidades que lhes convidam; sempre que os objetivos forem de diversão, de conscientização e divulgação do folguedo.
O enredo da história apresenta a morte de um boi e todos que gostam do animal colaboram para sua ressurreição. Participam da dramatização vaqueiros, o médico, o jacaré, urubus, o marimbondo, a Maricota, o Zezinho (anão), o cachorro, a bernúncia, a bernúncinha, a benzedeira, o cavalinho, a cabrinha, ursos, o macaco o gorila,o cavaleiro e os músicos.
Elisa ressalta que nem todos os Bois-de-Mamão possuem estes personagens. O folguedo recebe influência cultural da comunidade que pertence, incorporando suas necessidades. “Aqui na Armação temos o jacaré. O jacaré era um animal muito comum na região. Hoje corre o risco de desaparecer. Com o objetivo de alertar a comunidade desta situação, o animal foi incorporado ao nosso Boi-de-Mamão.” Porém não é encontrado em outros Bois que não possuem esta problemática ambiental.
Sobre a origem do Boi-de-Mamão Elisa não recorda, mas menciona a origem do seu nome. Segundo ela antigamente usou-se um mamão verde para fazer a cabeça do animal e se passou a chamar BOI-DE-MAMÃO.
Elisa termina a entrevista dizendo achar de grande importância à manutenção deste folguedo como manifestação cultural porque é uma das formas em que a comunidade pode levantar questões de preservação ambiental e de suas necessidades em âmbito global.

Entrevistada: Elisa Vieira
Entrevistadora: Enelim Miranda
Organizadora: Silvana V. Nazário

REFLETINDO A PARTIR DA- “PESQUISA DE CAMPO NA COMUNIDADE DA ARMAÇÃO DO PANTÂNO DO SUL- A PIPA”

“ESTE TRABALHO FOI REALIZADO COM OBJETIVO DE, ATRAVÉS DO RESGATE DE ANTIGAS BRINCADEIRAS, BASEADO NO CONHECIMENTO DOS SABERES DA COMUNIDADE ESCOLAR POSSAMOS COLABORAR NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOS EDUCANDOS COMO TAMBÉM FORTALECER SUAS RELAÇÕES.”

A PARTIR DE UM ROTEIRO DE PERGUNTAS QUE FORAM RESPONDIDAS POR IRMÃOS, PRIMOS, AMIGOS, TIOS, PAIS, AVÓS, PARENTES E CONHECIDOS DA TURMA DA OFICINA DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO-VESPERTINO/2008 PERCEBEMOS QUE ESTA BRINCADEIRA ENCANTAVA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NUMA FAIXA ETÁRIA DE 6 A 16 ANOS E ERA EXERCIDA POR MENINOS.
A BRINCADEIRA ERA REPASSADA DE GERAÇÃO A GERAÇÃO. DE AVÓ PARA NETO, DE PAI PARA FILHO, DE IRMÃO MAIS VELHO PARA IRMÃO MAIS NOVO, DE PRIMO...
A PIPA VOAVA PELOS QUINTAIS E PASTOS PERTO DAS CASAS. USAVA-SE PARA CONFECCIONAR O BRINQUEDO VARETAS DE BAMBU, COLA TESOURA, PAPEL DE SEDA E LINHA CORRENTE NÚMERO DEZ.
A PESQUISA NOS REVELOU UMA CURIOSIDADE, SE FAZIA PIPAS COM SACOLAS PLÁSTICAS.
APESAR DE A BRINCADEIRA SER MUITO POPULAR (EM DETERMINADA ÉPOCA E LUGAR) NINGUÉM SOUBE DIZER SUA ORIGEM.
SEGUNDO OS PARTICIPANTES DA PESQUISA, A BRINCADEIRA RESISTE AO TEMPO E AO PROGRESSO, PELO MENOS AQUI NESTA COMUNIDADE ONDE TEM AINDA ESPAÇO LIVRE EM ABUNDANCIA E A CRIANÇA TEM O PREVILEGIO DE PODER BRINCAR NA RUA COM SEGURANÇA, PORQUE PARA BRINCAR COM PIPA É FUNDAMENTAL TER CAMPO, PASTO E LIBERDADE. O QUE NÃO SE OBSERVA EM OUTRAS COMUNUDADES ONDE CASAS, PRÉDIOS, CARROS, E FIOS OCUPARAM OS ESPAÇOS DAS PIPAS. ONDE BRINCAR NA RUA É INSEGURO E PROIBIDO.
HOJE AS CRIANÇAS QUASE NÃO BRINCAM COM BRINQUEDOS ARTESANAIS. SÃO OFERECIDOS BRINQUEDOS ELETRÔNICOS COMO VIDEO-GAME, JOGOS NO COMPUTADOR, SKATS, BICICLETAS... ENFIM BRINQUEDOS MAIS MODERNOS.
PERCEBEMOS QUE ANTIGAMENTE OS ADULTOS TINHAM MAIS TEMPO PARA ESTAR COM SUAS CRIANÇAS E ACOMPANHÁ-LAS NA MAIORIA DE SEUS AFAZERES E ATÉ BRINCAR. VIABILIZANDO O REPASSE DOS SABERES, GARANTINDO A EXISTÊNCIA DE MUITAS BRINCADEIRAS E COSTUMES. ENTRETANTO ATUALMENTE ISTO NÃO ACONTECE. OS ADULTOS PASSAM MUITO TEMPO PRODUZINDO O SUSTENTO FAMILIAR. OBSERVAMOS TAMBÉM QUE AS FAMÍLIAS MORAVAM MAIS PROXÍMAS UMAS DAS OUTRAS, FACILITANDO A TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO ENTRE AVÓS-NETOS, PAIS-FILHOS, TIOS - SOBRINHOS... ALÉM DO QUE OS ADULTOS POR MOTIVO DE SEGURANÇA EVITAM DEIXAR SUAS CRIANÇAS NAS RUAS, OPORTUNIZANDO-AS BRINCADEIRAS MAIS MODERNAS, QUE LHES TIREM DAS RUAS E DA INFLUENCIA EXTERNA.
CONCLUIMOS QUE COM NOSSO ESTUDO RESGATARMOS UMA BRINCADEIRA ARTESANAL, VIVENCIAMOS O PRAZER DA CONFECÇÃO DO PRÓPRIO BRINQUEDO E BRINCAR JUNTO AO GRUPO, POSSIBILITANDO O FORTALECIMENTO DE NOSSAS RELAÇÕES E AFETIVIDADE. REFLETIMOS SOBRE AS MUDANÇAS NO MODO DE VIDA DAS GERAÇÕES E AINDA NOS AGUÇOU A BRINCAR E PRODUZIR OUTRAS BRINCADEIRAS.

PROFESSORA SILVANAV. NAZÁRIO

Oficina de Comunicação e Expressão

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A MARICOTA

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